quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Centenários / ARTIGOS


Artigo da Semana: De 30 de setembro a 6 de outubro de 2012.

CENTENÁRIO DE DONA GUIOMAR*
Por Pedro Jorge*

“Os crimes cometidos por meu filho, Floro Gomes Novaes, foram unicamente por vingança, para vingar o bárbaro, cruel e covarde assassinato de meu marido Ulisses, morto por bandidos”. – (Dona Guiomar)

Guiomar Gomes Novaes (1912-2000), a “Dona Guiomar”, foi a “Matriarca da Família Novaes”. Todos que tiveram o privilégio de conhecê-la pessoalmente puderam comprovar que ela foi uma figura ímpar: verdadeira sertaneja de força e qualidades extraordinárias. Com o seu sorriso e atenção cativava a todos. Ela foi mãe de oito filhos, sendo quatro homens e quatro mulheres.

Todas ás vezes que eu tive a oportunidade de conversar com ela, eu lhe pedia a bênção, pois desde criança aprendi a chamá-la de vó. Sua história de vida é bastante conhecida por todos os alagoanos e por boa parte dos brasileiros, através das inúmeras reportagens publicadas em jornais, livros e revistas sobre a saga de seu filho, Floro Gomes Novaes – “O Vingador do Sertão”.

Cresci escutando a história da “Família Novaes”, narrada por meus saudosos pais: Sr. Pedro Vicente da Silva (1919-2001) e D. Dalva Melo (1924-2005). Segundo eles, em 1951, o esposo de Dona Guiomar, Sr. Ulisses Gomes Novaes, foi assassinado com requintes de crueldade. Este crime foi planejado e teve a participação de 14 pessoas entre autores intelectuais, materiais, intermediários e fornecedores de armas. Para vingar este covarde e brutal crime o próprio Floro com sua pontaria certeira fez justiça com as próprias mãos, já que as autoridades não tomaram as devidas providências colocando nas grades os executores de seu pai. Floro matou treze dos catorze envolvidos na morte do Sr. Ulisses. O décimo quarto foi morto por seu irmão mais novo, Antônio, que faleceu vítima de um acidente automobilístico em Arapiraca/AL, no final dos anos 1970.

Em uma matéria publicada, em 1999, no extinto jornal “Tribuna de Alagoas” intitulada “Floro Novaes: ‘Um Sertanejo Vingador e Justiceiro’”, o jornalista Roberto Gonçalves declarou que “Os arapiraquenses sempre tiveram em Floro a imagem do vingador, do homem corajoso, destemido e nunca a imagem de um matador de aluguel”. No mesmo texto é citado o depoimento do saudoso ex-bancário Ernande Moreira – que foi ao lado de Valdir Oliveira e dos saudosos irmãos Tobias e Paulo Granja, um dos principais pesquisadores da vida de Floro Novaes, que diz o seguinte: “O nordestino tem admiração por homens corajosos e Floro Novaes foi um produto da falta de assistência social ao Nordeste, também foi vítima, sentiu na pele a impunidade”. “Tive que acreditar na justiça do gatilho” – esta frase dita pelo próprio Floro resume toda a sua trajetória de vingador.

Floro trabalhou durante dois anos como segurança particular do médico e deputado estadual Marques da Silva, que foi assassinado um ano após ter dispensado o serviço de segurança do “Vingador do Sertão”, em 1957. Floro Novaes foi vitimado em uma tocaia no Município de Itaíba, interior de Pernambuco, em 1971. Assim morria o homem destemido e nascia o mito. Floro Gomes Novaes foi homenageado pela Câmara Municipal de Arapiraca, em 1984, que denominou uma rua com o nome dele em reconhecimento á sua coragem de vingador e justiceiro.

Dona Guiomar faleceu no dia 17 de julho de 2000. Todos que a conheceram pessoalmente ainda guardam na lembrança a figura da sertaneja, nascida em Olivença/AL em 1912, que teve uma vida de lutas e sofrimentos, mas sempre demonstrava a força de uma verdadeira guerreira “Dando a volta por cima e seguindo em frente’”, como ela costumava dizer. Com a sua alegria e afetividade transmitia paz e cativava a todos: esta é a lembrança que tenho de D. Guiomar.

Compartilho com os seus filhos: Floro, João, Maria e Antônio Gomes Novaes (In memorians); Cecília, Terezinha, Eluza e Maurício Gomes Novaes, o “Chapéu de Couro”; e todos os demais familiares esta singela homenagem ao centenário da saudosa e inesquecível Dona Guiomar, a eterna “Matriarca da Família Novaes”.

*Nota: Este artigo foi publicado no Jornal “Tribuna Independente” – Edição de 14 de setembro de 2012.

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Artigo da Semana: De 21 a 27 de outubro de 2012.
GONZAGA, DE PRA PRA FILHO -  UMA CINEBIOGRAFIA DE EMOÇÕES* / Por Pedro Jorge*
No ano do centenário do “Rei do Baião” Luiz Gonzaga (1912-1989), entre as  milhares de homenagens que estão sendo e serão prestadas por diversos artistas, em programas televisivos, shows, gravações de CDs, exposições, etc, um tributo se destaca: o filme Gonzaga, de Pai Pra Filho, longa-metragem que contou com um orçamento de R$ 12 milhões e tem a direção do carioca Breno Silveira (2 Filhos de Francisco, 2005 e Á Beira do Caminho, 2012). O lançamento nas salas de cinema em circuito nacional será no próximo dia 26 de outubro de 2012.
Tive a oportunidade de assistir ao trailer deste magnífico filme pela internet e fiquei bastante emocionado com as cenas desta produção cinematográfica que retrata a vida de Gonzagão, ao tempo em que enfoca a difícil relação do músico com seu filho Gonzaguinha (1945-1991). Com certeza esta cinebiografia será  um grande sucesso de público e de crítica, pois é uma produção de altíssima qualidade e carregada de muita emoção.
Segundo a matéria assinada por Rodrigo Fonseca, da Agência O Globo, e publicada no jornal Gazeta de Alagoas, edição do dia 29 de setembro de 2012, o roteiro do longa nasceu de uma caixa de fitas cassete em que Gonzaguinha conversa com o pai e do livro Gonzaguinha e Gonzagão – Uma História Brasileira, de Regina Echeverria. Nas gravações das fitas cassete percebe-se o quanto Gonzaguinha, criado no Morro de São Carlos pelos padrinhos Dina e Xavier, desconhecia seu pai, que morreria pouco tempo depois. Mas as falas de Gonzagão mostram o quanto ele admirava Gonzaguinha, de quem acabou se afastando após a morte da mulher, Odaléia.
Os espectadores brasileiros terão a oportunidade de ver e se emocionar com a história de dois ícones da autêntica música brasileira: Luiz Gonzaga e Gonzaguinha. Um filme que retrata fielmente a vida, a morte e o legado artístico do “Rei do Baião” para as próximas gerações. Além é, claro, o amor e as turbulências afetivas de pai (Gonzagão) para com o seu filho (Gonzaguinha). São realmente temas que tocam o coração de todo ser humano. Resumindo é a história de um pai e um filho que foram separados pela vida e unidos pela música.
Ao todo foram mais de 2000 figurantes e 100 atores em papeis de destaque. Gonzaga foi retratado em três épocas: o ator Land  Vieira (dos 17 aos 23 anos de idade), o sanfoneiro Nivaldo Expedito de Carvalho, o “Chambinho do Acordeon” (dos 27 aos 50) e Adélio Lima (aos 70 anos) e Gonzaguinha foi interpretado por Alison Santos (dos 10 aos 12 anos), Giancarlo di Tommaso (dos 17 aos 22) e Júlio Andrade (dos 35 aos 40).
Entre as muitas cenas interessantes  e marcantes do longa-metragem destaco as seguintes: Gonzagão tocando sozinho Assum Preto na cozinha, após ter sofrido um sério acidente automobilístico que prejudicou a sua visão e cegou um de seus olhos e o recrutamento do “Rei do Baião” de um anão e um sapateiro para acompanhá-lo em uma apresentação no interior de Minas Gerais, porque tinha demitido os dois músicos de sua banda, que ficaram embriagados no dia anterior ao show e não conseguiam acordar.
Outro grande tributo a Luiz Gonzaga está sendo prestado pela Rede Globo, através de um quadro do programa Fantástico, que estreou no dia 30 de setembro de 2012, retratando sua vida e sua obra. Diana Dantas, da Folhapress, relata em uma matéria que esta série relembra a infância do artista, nascido em Exu/PE, até o seu coroamento na música brasileira, sendo aclamado como o “Rei do Baião”. Este quadro tem como roteirista e responsável por sua concepção, George Moura e, será dividido em 4 episódios intercalados com trechos do filme de Breno Silveira. Na parte documental há várias entrevistas de pessoas que conheceram Gonzagão de perto e de artistas, como Dominguinhos, Elba Ramalho, Alceu Valença e Gilberto Gil.
Frases:
“Assim como em 2 Filhos de Francisco, essa nova cinebiografia dirigida por Breno Silveira foi pensada para emocionar. Não dá para negar que o tom apelativo pontua várias cenas. Mas, também há muita verdade e momentos que misturam gravações da ficção com fotografias ou imagens reais, dando mais veracidade a atores que realmente se parecem com Luiz Gonzaga”. – Tatiana Meira (Diário de Pernambuco)
“A questão de Gonzaga, de Pai Pra Filho é que ele trata de um homem que uniu o País inteiro com sua música. Rodando o País de ‘cabo a rabo’, sempre havia um lugar tocando Gonzagão. Ele é uma lenda do tamanho do Brasil. A história dele e do filho é muito bonita. Meu compromisso foi tentar reproduzir essa beleza, com carinho”.  – Breno Silveira
* Fontes: Este artigo foi baseado nas seguintes matérias: Uma História Brasileira (Rodrigo Fonseca) e Luiz Gonzaga é Lembrado em Nova Série do Fantástico (Diana Dantas),  ambas publicadas no jornal Gazeta de Alagoas, edição de 29 de setembro de 2012 e Uma Cinebiografia de Emoções (Tatiana Meira), publicada no jornal O Jornal, edição de 12 de outubro de 2012.
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* É funcionário público municipal e um dos administradores do Blog Arapiraca Legal.

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