quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Valdir Oliveira Santos


PERFIL
* Nome completo: Valdir Oliveira Santos;
* É natural de Arapiraca/AL;
* Vive entre Recife e Olinda/PE desde 1980;
* Cursou Comunicação na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco);
* Tem registros profissionais de publicitário, radialista, jornalista e artista, além de Especialização e Mestrado em Comunicação;
* É professor universitário desde 1998 e
* Escreve para crianças e adultos tanto livros como histórias (roteiros) de cinema e televisão.
[ Fonte: valdiroliveirasantos.blogspot.com ]

Cangaço: Floro Novaes – “Vingador das Alagoas”
Por Valdir Oliveira

Ainda faltavam 7 anos para a emboscada de Angicos/SE, onde Lampião e seu bando foram assassinados, quando nasceu na Cidade de Olivença, em Alagoas, o lendário Floro Gomes Novaes. É claro que seu nome ficou longe da fama do maior rei do cangaço, mas os fatos que envolvem a sua sina de vingador e justiceiro também merecem um registro atento e responsável por aqueles que estudam o fenômeno do cangaço na região Nordeste.

Floro decidiu seguir a vida de justiceiro em 1951 quando seu pai foi assassinado em uma emboscada na Cidade de Santana do Ipanema/AL. Na brutalidade dos assassinos, o cérebro de Ulisses Novaes foi esmagado com a coronha de um rifle. Floro jurou vingança e viveu o resto de sua vida com esse propósito, às vezes na companhia de alguns comparsas, como Valderedo Ferreira, na maior parte do tempo sozinho, na aridez da caatinga dos sertões de Alagoas e Pernambuco. Foram 19 anos com suas armas cuspindo fogo e colecionando os corpos dos inimigos até ser morto também numa tocaia, em 1971.

A repercussão na imprensa foi enorme, principalmente na Revista “O Cruzeiro” e no Jornal “Gazeta de Alagoas”. Entre os jornalistas que mais acompanharam a saga de Floro estavam Tobias Granja e seu irmão Paulo Granja, que nos cedeu fotos juntamente com o Pesquisador Ernande Moreira.

Pesquiso a vida de Floro desde a década de 1980, tendo publicado em 1985 o Cordel FLORO GOMES NOVAES – VINGADOR DAS ALAGOAS, em parceria com Ernande Moreira. O livro conta em versos de sextilha a vida de Floro, destacando as dificuldades encontradas na peregrinação pela caatinga, fugindo ou saindo do mato para matar, até culminar com a tocaia que resultou na sua morte.
Além disso tenho um livro inédito sobre o tema, com prefácio de Frederico Pernambucano de Melo, que conta em detalhes, diversas passagens da vida do personagem, com a linguagem narrativa no gênero de reportagem especial.

A foto de Floro com alguns comparsas trajando roupas típicas do cangaço, faz parte de meus arquivos e já foi veiculada, com os devidos créditos, no Diário de Pernambuco, em matéria de Inácio França e no Livro Guerrreiros do Sol, de Frederico Pernambucano de Melo, São Paulo: A Girafa Editora, 2004 com a seguinte legenda:
“Um cangaço pós-lampiônico repontará nos anos 1950 e 60, em grupos reduzidos, a exemplo de Floro Gomes Novaes, o ‘Capitão Floro da Ribeira do Ipanema’, com cinco homens, entre Alagoas e Pernambuco. Da esquerda, Valderedo Ferreira (lugar-tenente), o chefe Floro e Faísca c.1962. Cortesia de Valdir Oliveira, Recife, Pernambuco.”

Na foto abaixo, da década de 1980, tirada por Ernande Moreira, um encontro com Dona Guiomar Novaes, a mãe de Floro Gomes Novaes, que concedeu entrevista para as nossas pesquisas.

[ Fonte: http://valdiroliveirasantos.blogspot.com/  ]

Crimes e Processos Insolúveis em Alagoas (Sinopse)
[ 8 de julho de 2011 ]

Cronologia dos Crimes
O Jornal EXTRA apresenta, a seguir, uma cronologia dos crimes que mais repercutiram na história de Alagoas, nos últimos 50 anos. Crimes de queima de arquivo, de vingança, de conotação política, de guerra de grupos, deixando um rastro de sangue e de impunidade, que tem sido a marca do Sindicato do Crime neste Estado: muitos deles, até hoje, sem a punição dos autores intelectuais, dos mandantes.

Ulisses Gomes Novaes
Pai de Floro Gomes Novaes, assassinado em Olivença/AL, em 1951.

Prefeito Enêas Vieira
Homem temido na região sertaneja, Enêas Vieira de Oliveira foi acusado pelos familiares de Floro Novaes de ter sido o mandante do assassinato do velho Ulisses Gomes Novaes, pai de Floro, no começo da década de 1950, em Olivença/AL.
Prefeito por mais de uma vez naquele Município, Enêas sofreu várias emboscadas de Floro, que não conseguiu matá-lo, ficando a vingança por conta de Antônio Gomes Novaes, o irmão caçula. O líder político de Olivença foi morto a tiros de revólver, no Centro daquela Cidade, em 1969.

Floro Gomes Novaes
Temido na década de 1960, o “Pistoleiro-Vingador” ou o “Pistoleiro sem Mácula”, como a crônica policial o batizou na época, Floro Gomes Novaes, cujo irmão Mauricio Gomes Novaes, o “Chapéu de Couro”, está hoje, em evidência, foi morto de tocaia, na divisa de Alagoas com Pernambuco, no Município de Itaiba, onde residia, no inicio da década de 1970.
O crime teria sido tramado em Alagoas, na região de Santana do Ipanema; por inimigos de Floro. Atraído para uma caçada, seu esporte predileto, o “pistoleiro”  foi emboscado antes de chegar ao local combinado. Foram presos e indiciados Wilson Tenório, Jurandir Valenca e Enêas Boiadeiro, também conhecido como Enêas de Chiquinho, o primeiro e o último de Alagoas, e, o segundo, de Pernambuco.
Fonte: Jornal Extra.
[ Fonte: http://www.oxentenews.com.br/2011/07/08/crimes-e-processos-insoluveis-em-alagoas/ ]

Jornal do Commércio / De Editor-Geral a Repórter no Sertão

Chefe da redação do JC (Jornal do Commércio) se embrenhou na caatinga, em 1970, para entrevistar um dos mais temidos “pistoleiros” do Sertão pernambucano.
“Vladimir Maia Calheiros e Solano José, repórter e fotógrafo do Jornal do Commércio, na madrugada de sábado para domingo passado encontraram-se, na localidade de Mata-Barro (?), com um amigo de Floro Gomes Novaes, que os levou para uma longa conversa com o famoso personagem dos sertões nordestinos. Os jornalistas dormiram em uma casa entre as caatingas equando açodaram, sol alto, Floro já os esperava, vestido de mescla azul, bem barbeado eacompanhado por um irmão e diversos amigos, todos armados.
A conversa entre os jornalistas e Floro durou praticamente todo o domingo. Quando a noitecaiu, depois de muitas voltas pela caatinga, que duraram ainda mais do que a ida – cerca de uma hora – Vladimir e Solano tomaram a estrada que liga a fronteira de Pernambuco à Cidade alagoana de Palmeira dos Índios. As impressões e as fotografias colhidas neste contato com um dos homens mais procurados do Nordeste, começam a ser mostradas hoje no Jornal do Commércio”.

Assim começou um dos maiores furos de reportagem da história do JC, em outubro de 1970, assinado pelo editor-geral Vladimir Calheiros na pele de repórter. Ele teve que percorrer terras estranhas, viu e ouviu personagens assustadores, até chegar ao nordestino mais temido da época, um “pistoleiro” que fez da vingança a razão de viver. Floro tinha 19 anos quandomataram seu pai na localidade de Olivença, (na época) lugarejo de Santana do Ipanema/AL.

Ele lembrou a data assim: “Eram mais ou menos sete e meia ou oito horas da manhã de uma terça-feira que eu nunca mais vou esquecer, dia 4 de dezembro de 1951, quando nós todos já estávamos pensando no Natal, nas festas do fim do ano. Eu estava vestindo as perneiras, ia para o mato pegar uns burros. Nisso chegou um morador, correndo como eu nunca vi um homem correr tanto no mundo. Chegou e foi logo dizendo: Floro, seu pai morreu”, disse Floro ao repórter. “Até dos bichos ele tinha pena. Sua arma era o machado de abater os bois. Quando a terra cobriu meu pai, eu jurei que aquilo não ficaria assim. Eu preferia não viver nem mais um minuto se não pudesse vingá-lo”.

A descrição de como viu o pai pela última vez é dramática: “Mataram meu pai de tocaia. Deram uns tiros e depois esmagaram a cara dele com a coronha do rifle. O velho ficou tão estragado que eu só reconheci pelas mãos, pela roupa. O que ele era estava espalhado por uns seis metros. Uns oito contos que ele levava no bolso da calça, roubaram. Depois foi chegando gente. Chegou o delegado Zé Viana, com um soldado, Zé Darca. Queriam levar meu pai para Major Izidoro/AL para fazer o exame. Eu estava quase desarmado, só tinha um punhal grande, mas não deixei levar meu pai”.

Relatos Fortes Que Lembravam um Filme Policial
O começo da vingança é um dos mais impressionantes capítulos das várias páginas de entrevista com o “‘pistoleiro’-vingador”, realizada de dentro da caatinga, pela dupla de repórteres. O relato é bem mais grave que muitos filmes policiais dos dias de hoje. Não há heroísmos, mas a descrição de um quase menino vingando a morte do pai. Sem medo, sem tremores. A repercussão dessa história atraiu todas as atenções

para o Jornal do Commércio, que escrevia uma das páginas históricas de seus hoje 90 anos de existência.
E Floro Gomes Novaes voltaria a ser destaque nas páginas do Jornal do Commércio apenas quatro meses depois, com a notícia de sua morte, publicada no dia 26 de fevereiro de 1971:
“Amigos de Floro Gomes Novaes confirmaram, às últimas horas da noite de ontem, no Recife/PE, que ele foi assassinado nas proximidades de Itaíba/PE, também conhecida como Pau Ferro, perto de Águas Belas, Município de Pernambuco que faz fronteira com Alagoas. A versão mais detalhada conta que algumas pessoas que lhe pareciam ser íntimas chamaram-no para uma caçada, anteontem, Quarta-Feira de Cinzas, e, num momento de descuido, já noite, mataram-no com um tiro de mosquetão”.
[ Fonte: www2.uol.com.br ]

Dona Guiomar, Mãe de Floro: Vida de Lutas e Sofrimentos
Por Roberto Gonçalves ( 09/03/1996 )

Numa casa modesta da periferia de Arapiraca/AL, em companhia de uma filha e de nove netos, mora Dona Guiomar Gomes Novaes, viúva, hoje com 85 anos de idade. Mãe de Floro Gomes Novaes, denominado de "O Vingador do Sertão" e de Maurício, o "Chapéu de Couro", demonstra bastante lucidez e muita amabilidade, mas rebate com convicção as denúncias de que seus filhos tenham sido pistoleiros assalariados. "Eles nunca pertenceram ao famigerado sindicato do crime, e os poucos que ainda restam são pais de família exemplares e trabalhadores", salienta esta sertaneja de qualidaades humanas extraordinárias. E adianta: "Os crimes praticados pelo Floro foram unicamente por vingança, para vingar o bárbaro, cruel e covarde assassinato de meu marido Ulisses Gomes Novaes, morto por bandidos de Santana do Ipanema/AL".

Sobre as acusações atribuídas ao seu filho Maurício Gomes Novaes, o "Chapéu de Couro", afirma que são todas improcedentes: "Pois o mesmo não se envolveu em crimes na Bahia, como andaram denunciando sem nenhum fundamento". A sua história e a de sua família está ligada de perto á década de 1960, explicando que muito sofreu com o clima de insegurança e violência da época. Falando mansamente e articulando as palavras com precissão: "Para não dizer tolices e asneiras", Dona Guiomar Novaes lembra que Floro Novaes, que matou praticamente todos os implicados no assassinato de seu pai, permanência longos meses nas caatingas, alimentando-se de caça, mel de arapuá e frutos silvestres. "Já ocorreu tanto derramenmto de sangue em minha família que não quero mais pensar nisso", desabafa.

Aos 85 anos de idade, "Em sua grande maioria convivendo com o sofrimento", os cabelos já prateados pelo tempo, almeja somente paz ao lado da filha e dos netos, mantendo-se apenas com uma aposentadoria do FUNRURAL, de apenas 161 cruzados por mês. "A vida, na realidadae, não reservou muita coisa boa para mim, mas a gente tem  que ir enfrentando a situação", argumenta. Diz que os bens deixados por Floro Gomes Novaes: gado e a Fazenda Mamoeiro, ficaram para a viúva, Dona Isaura Godói, e seus filhos, que residem em Garanhus/PE. Agora o filho com quem possui maior aproximação é Maurício, o "Chapéu de Couro", caminhoneiro e pai de três filhos menores. "Esse rapaz também sofreu muitas injustiças e acusações infundadas", ressalta.

Dona Guiomar explicou que Floro, "O Vingador do Sertão", enveredou pelo submundo do crime depois do assassinato de seu Pai, Seu Ulisses Gomes Novaes. Diante da falta de interesse das autoridades em apurar o caso, ele prometeu solenemente: "Meu pai tem dono e será vingado". Cumprindo a promessa, iniciando a cometer os homicídios que o transformaram não apenas em "bandido", mas sobretudo em mito.
Lembrando que "Meus filhos nunca ganharam dinheiro para matar ninguém", explica que Floro foi sepultado no cemitério de Jacaré dos Homens/AL, praticamente ao lado do túmulo de Ulisses, sem que fosse fotografado. "A nossa família apenas cumpriu um desejo dele, que sempre pedia: 'Não deixem me fotografar morto, pois os meus inimigos irão rir de mim'". Ela fala que Floro Novaes foi sepultado com o respeito e o sentimento de todo o povo sertanejo. Ao ser sepultado, vestia um terno azul de mescla: a sua roupa preferida, uma camisa branca e calçava um par de sapatos preto, comprado em Águas Belas/PE por sua esposa. "Foram as únicas coisas que ele levou, além de sua determinação, de sua coragem e de sua honra: as quais jamais deixou de manter", revela emocionada.

Dona Guiomar explica que o primeiro grande golpe sofrido por ela foi o bárbaro assassinato de seu marido, Ulissses Novaes, seguido do homicídio de Floro. "Depois, ocorreu a morte prematura de 'Tonho' (Antônio Gomes Novaes: que executou Enéas Vieira, então prefeito de Olivença/AL e um dos implicados no trucidamento de seu pai), verificada em um acidente de trânsito". Como se não bastasse tanta desgraça, ressalta, "Outro filho meu, João Gomes Novaes, foi eliminado em circuntâncias estranhas na Cidade de São Sebastião/AL, no dia 20 de maio de 1983. Ele vendia queijos; foi brutalmente assassinato e o crime ficou impune, e nada solicitei as autoridades para punir os culpados", esclarece.

Garantindo que a vingança da Família Novaes já chegou ao fim há bastante tempo, esta sertaneja forte e disposta só quer da vida paz e tranquilidade. "Para quem sofreu tanto até agora, acho que não é pedir demais", enfatizou, dizendo que, ás vezes,foi bastante autoritária com todos os seus filhos, sem querer fazer maiores considerações sobre as perseguições que sofreu. "Apesar disso tudo", conta, "Sempre encontrei forças suficientes para dar a volta por cima e seguir em frente, apoiando os meus filhos". Não consegue reter as lágrimas, em determinados momentos, sobretudo quando discorre sobre o seu drama, "Que não é apenas conhecido em Alagoas, mas praticamente no Brasil inteiro, em decorrência das injustiças dos homens".

Acerca dos fatos verificados em Craibas/AL, sua terra natal, (?) causando resultados negativos para a comunidade, Dona Guiomar Novaes afirma que observa isso com muita tristeza, "Mas sempre peço a Deus pela paz da Cidade, que é abençoada por Frei Damião". Para ela, "Não deve haver lutas e brigas pela hegemonia política no Município, pois o povo de lá já sofre muito. Não vamos deixar que Craibas se transforme em uma nova Exu/PE (guerra política entre os 'Alencar' e os 'Sampaio', em meados de 1978), tornado-se necessária a consciência de seus líderes. Se isso ocorrer, as coisas acontecerão naturalmente, ficando o poder político para quem dispõe de melhores propósitos", enfatiza a mãe do "Vingador do Sertão", hoje alquebrada pela idade e pelos sofrimentos e, com o corpo guardando poucos sinais daquela mulher valente de antigamente.

Os problemas de violência e de vingança trouxeram graves consequências para a Família Novaes, que teve de vender a propriedade de 350 tarefas e o gado. Seu grande objetivo agora é conseguir das autoridades o apoio necesssário para conseguir os meios financeiros á edição de um livro contando a vida de Floro, assassinado em uma emboscada em Itaíba, Cidade do interior de Pernambuco. Argumenta que "Este trabalho foi iniciado pelo jornalista e advogado Tobias Granja e, com o assassinato deste, pela escritora Aglae Lima Oliveira, que faleceu em Recife/PE, no decorrer do ano passado. O bancário Ernade Moreira é outro grande incentivador da obra, que fala da performance, dos costumes, das lutas, das vinganças, dos dias nas caatingas e das intrigas com  Enéas Vieira, ex-prefeito de Olivença/AL.

No livro "O Vingador do Sertão", Floro revela sua tendência para a poesia popular, sua dedicação aos filhos, aos amigos e aos animais, sendo inseridas no mesmo reportagens inéditas de Tobias Granja. Os seus poemas demonstram muito lirismo, contando ainda as atrocidades sofridas por seu pai, Ulisses Gomes Novaes, e dedicando alguns versos ao delegado Rubens Quintella, atualmente cotado para ser o secretário de segurança.
[ Fonte: Jornal "Gazeta de Alagoas", 9 de março de 1996 ]

Mãe de Floro e Maurício Gomes Novaes, Está Praticamente Inerte
Por Roberto Baía ( 12/03/1999 )

Aos 87 anos de idade, Dona Guiomar Gomes Novaes, mãe de Floro, o "Vingador do Sertão" e de Maurício Gomes Novaes, o "Chapéu de Couro", encontra-se bem doente em Arapiraca/AL, onde reside com a filha Eluza Gomes Novaes, no Bairro Eldorado. Vítima de um derrame vascular cerebral, Dona Guiomar também tem diabetes, o que agrava ainda mais o seu estado de saúde. Atualmente, ela vive em uma cama, praticamente não fala e recebe tratamento por parte de seus familiares. Segundo informações da filha, Eluza, o seu estado de saúde começou a se agravar há cerca de um ano, quando ficou internada vários meses no Hospital Santa Maria.

Sertaneja da Cidade de Olivença/AL (?), Dona Guiomar é a matriarca da Família Novaes e foi casada com Ulisses Gomes Novaes, que foi assassinado em 1951, fato que levou o seu filho Floro a se vingar e matar 13 pessoas, envolvidas com a morte do pai. Floro foi assassinado durante uma tocaia, em 1971, quando participava de uma caçada no Município de Itaíba, interior de Pernambuco.
Já Maurício, o "Chapéu de Couro", encontra-se preso no Quartel Geral da Polícia Militar de Sergipe, onde aguarda julgamento por um crime que praticou em Aracaju/SE.
Maurício denunciou o deputado Talvane Albuquerque no episódio do assassinato da deputada Ceci Cunha e seus familiares, fato ocorrido no dia 16 de dezembro do ano passado. Ele também denunciou que o deputado Talvane o contratou para matar o deputado federal Augusto César Farias.
[ Fonte: (extinto) Jornal "Tribuna de Alagoas", 12 de março de 1999 ]

Nota: carecemos de fonte sobre a data de falecimento de Dona Guiomar Gomes Novaes.

"Um Sertanejo Vingador e Justiceiro": Assim se Autodenominava Floro Gomes Novaes
Por Roberto Gonçalves ( 31/01/1999 )

A homenagem prestada pela Câmara Municipal de Arapiraca/AL a Floro Gomes Novaes, com nome de rua (no Bairro Santa Esmeralda), através de projeto de lei Nº 61/84, e aprovado na sessão do dia 22 de março de 1984, no entender da maioria dos 11 vereadores que aprovaram a matéria, foi um reconhecimento á coragem de um sertanejo vingador e justiceiro. Dos 11 vereadores, permanece com mandato apenas a vereadora Maria Aparecida (PMDB). Um faleceu: Genivaldo Barbosa Leão, o popular "Geni".

Aparecida afirmou que não lembra quem sugeriu a homenagem a Floro e conta que naquele ano, foi elaborado um projeto de lei com 40 páginas pelo então secretário de Urbanismo do Município, Severino Barbosa Lopes. Na época, o prefeito era Severino Leão, que estava no seu primeiro mandato.
Explica a vereadora, que o projeto delimitava e demarcava toda a área urbana do Município que sofreu grandes transformações. O projeto alterava, inclusive, os limites do Município em toda a sua extensão urbana e denominava o nome de 32 bairros. Os nomes das ruas foram sugeridos pelos vereadores, recorda Maria Aparecida.

Origem
Nascido no Município de Craibas/AL (?), na época distrito de Arapiraca/AL, Floro Novaes tornou-se um mito nos sertões de Alagoas e Pernambuco, após o assassinato de seu pai, Ulisses Gomes Novaes, em Olivença/AL, no ano de 1951, na localidade denominada Lagoa dos Bois. A vítima não teve chances de defesa, foi abatido com vários tiros de rifle 44 e ainda teve o crânio esfacelado por inúmeras coronhadas da referida arma.
Pistoleiros ficaram tocaiados em uma baraúna, dentro do mato, cercado de arbustos. Enéas Vieira foi indicado como mandante do crime. Floro jurou vingança diante do cadáver do pai. A violência e a impunidade gerou ódio, o desejo incontido de fazer justiça com as próprias mãos. Após o cometimento do crime, os assassinos foram presos e recolhidos á cadeia pública de Santana do Ipanema/AL. Um pedido de Adeildo Nepomuceno Marques os colocou em liberdade.

Autores do Crime
Segundo foi apurado na época, os autores intelectuais do crime foram: Edilberto Barros, Enéas e João Vieira. Autores materiais: João josé e Cintinho (irmãos) e mais um morador destes, indicado por Joaquinzinho. Intermédiario: Telécio, que na época possuia uma pequena farmácia na localidade de Poço da Cacimba, Município de Olivença. Adeildo Nepomuceno Marques e seu pai, Joel Marques, foram os fornecedores das armas.

Onze meses após a morte do pai, Floro pediu a sua mãe, que tirasse o luto, pois não traria seu pai de volta e iniciou a sua sede de vingança. O primeiro a ser assassinado foi João José, em um domingo de feira no Povoado de Capelinha, Município de Major Izidoro/AL (?). No rosário de crimes, doze foram assassinados por Floro (?). O último foi Enéas Vieira, asssassinado por Antônio Gomes Novaes, irmão mais novo, que morreu em um acidente automobilístico em Arapiraca/AL, na Rua Experdicionários Brasileiros - Bairro Eldorado.

Floro Novaes, irmão mais velho de Maurício Gomes Novaes, o "Chapéu de Couro", não gostava de ser chamado de "pistoleiro". Por outro, aceitava que o chamassem de "cangaceiro", pois entendia que significava um homem injustiçado, um vingador do Sertão, que para fazer justiça matou um a um, os envolvidos na morte de seu pai.

Floro, "O Vingador do Sertão", foi notícia em todo o Brasil e foi matéria da revista "O Cruzeiro", através de amplas e destacadas matérias produzidas pelos jornalistas "Irmãos Granja": Tobias e Paulo Granja, ambos já falecidos. Sua coragem também foi contada em versos na Literatura de Cordel:
Depois que meu pai morreu, / Caí de vez no cangaço
Mato a 14 anos / E nunca cansei o braço
Tenho um coração de bronze e a existência de aço.

Segurança
O deputado José Marques da Silva, um ano antes de ser assassinado por motivos políticos em Arapiraca, em 1957, teve como segurança Floro Gomes Novaes. O parlamentar, José Marques, somente foi assassinado após dispensar o serviço de segurança de Floro. Marques da Silva era simples, totalmente alheio á violência e não se sentia á vontade na companhia de Floro Novaes. Poucos meses após, tombou sem vida na Praça Gabino Besouro, que hoje é denominada com o nome dele, em sua homenagem.

Os arapiraquenses sempre tiveram em Floro a imagem de vingador, do homem corajoso, destemido e nunca a imagem de um "matador de aluguel". Para o bancário posentado Ernande Moreira, que pesquisou a vida de Floro Novaes, é natural a homenagem prestada pela Câmara Municipal de Arapiraca ao irmão de "Chapéu de Couro". O nordestino tem admiração por homens corajosos e Floro foi um dos produtores da falta de assistência social ao Nordeste, também foi vítima, sentiu na pele a impunidade, disse Ernande. Para
ele, a lembrança do seu nome, para designar um nome de rua, é fato natural.

A Família
A viúva de Floro Novaes, Dona Isaura Godói, reside com os irmãos e outros parentes na Cidade de Garanhuns/PE. Da união do casal, nasceram dois filhos: Ezequiel Gomes Novaes, que foi assassinado de forma misteriosa, após ser sequestrado em Garanhuns. Seu corpo nunca foi encontrado. A outra filha é Maria das Graças, é casada e reside em Poço Redondo, interior de Sergipe.
Em Arapiraca, reside Dona Guiomar Gomes Novaes, em uma casa modesta, no Bairro Cohab Nova. Com quase 90 anos e diabética, Dona Guiomar e suas duas filhas e muitos netos que com com ela convivem, sempre recebe de forma humilde e cordial a imprensa e nunca negou informações sobre a saga da Família Novaes.

Seu único filho homem, vivo, é Maurício Gomes Novaes, o "Chapéu de Couro", que se encontra preso no Quartel da Polícia Militar de Sergipe. Antônio Gomes Novaes, o mais novo, que matou Enéias Vieira, morreu em um fatídico acidente de trânsito em Arapiraca. João Gomes Novaes, que nunca se envolveu em nenhum crime e comercializa queijo, foi assassinado há 15 anos, dentro de um ônibus, em São Sebastião/AL.

Fim Trágico
Floro Novaes, já se preparava para se dedicar a sua vida na roça, terminando a sua jornada pelas caatingas do Sertão de Alagoas. Estava residindo em sua fazenda no Sertão de Águas Belas/PE (?), quando foi vítima de uma tocaia, em 24 de fevereiro de 1971. Terminava a lenda do "Vingador das Caatingas". Floro foi convidado para uma caçada, e seguiu em companhia do jovem Wilson Tenório. Foi abatido com cinco tiros no peito esquerdo e um na região lombar. O homem que viveu enfrentando o perigo estava sem as suas armas, apenas com uma espingarda de caça.
[ Fonte: (extinto) Jornal "Tribuna de Alagoas", 31 de janeiro de 1999 ]

Com Henrique, a Trégua Rompida nos Crimes de Vingança em Alagoas
Por Roberto Vilanova ( Repórter )

O delegado Rubens Quintella recebeu um recado de Valderedo Ferreira, fazendeiro da Várzea de Dona Joana, em Poço das Trincheiras/AL. Ele queria se entregar á polícia, mas exigia que Quintella viesse só. O delegado respondeu que iria acompanhado de seu motorista, Juquinha Calheiros, dirigindo um jeep da polícia. Marcou o encontro, em plena luz do dia, numa propriedade próxima a Santana do Ipanema/AL.

Quintella chegou ao local marcado para o encontro, abrindo um cenário regional que marcaria, no final da déada de 1960, a trégua das brigas e das mortes por vingança em Alagoas. O diálogo foi rápido. O delegado se aproximou cautelosamente, e entre xiques-xiques e mandacarus, uma voz quebrou o silêncio:
- "Doutor Rubens?"
- "Pronto. Que é que há?"
- "Espere aí".

Derepente, surgiu a figura de Valderedo, estatura mediana, chapéu, as armas na mão em gesto pacífico. O trato estava cumprido. O temido pistoleiro da Várzea de Dona Joana - o lugar mais violento de Alagoas - acabava de se entregar á polícia. Quintella não contava, no entanto, que ele trazia uma notícia ainda mais alvissareira. Floro Gomes Novaes, outro "pistoleiro" vingativo do Sertão, imitando seu gesto, também queria se entregar.
- "Doutor Rubens, tenho uma notícia para o senhor. O Floro quer se entregar também".
- "Onde ele está?
- "Está aqui. Eu posso chamá-lo se o acordo for mantido. A gente se entrega para ser julgado em Maceió/AL". (?)
- "Vá chamá-lo. Eu espero".

Floro, aquele homem magro - a melhor pontaria de Alagoas em todos os tempos - também saiu do meio da caatinga. Alto, os dedos finos, chapéu de couro, completou o quadro. Rubens Quintella fez os presos subirem no jeep, mas não os algemou. Na chegada a Santana do Ipanema, policiais civis, federais e estaduais, e militares, tomavam todos os espaços. Um dos delegados federais, presentes, tentou repreender Quintella por haver trazido Floro e Valderedo sem algemas. O delegado alagoano respondeu:
- "Eu não prendi ninguém. Eles é que se entregaram".

A história de Floro e Valderedo deu trégua de lutas por vingança em Alagoas. Essas lutas foram reabertas - a trégua encerrada - a partir de dezembro de 1978, quando o cabo José Henrique da Silva (o "Cabo Henrique") matou, com um tiro na nuca, Ernesto Cavalcanti Lins, no mesmo dia em que seu pai é assassinato na chacina da Chã do Pilar, por causa das denúncias de roubos de porcos na granja de "Carlinos da Adega", amigo de Ernesto. E prossegue com o assassinato de Paulo Cavalcanti Lins, irmão de Ernesto e considerado "a cabeça pensante" de uma família de raízes como os "Calheiros", violenta e vingativa.

Essa violência, no entanto, é marcada pela impunidade. De Robson Mendes para cá, ou de Robson para trás, como por extensão, ainda hoje, a justiça dos pobres continua sendo, como assinala o escritor Adalberon Cavalcanti Lins - que nada tem a ver com o pessoal de Flexeiras/AL - a mira do fuzil. É um tipo de justiça barata, eficiente e relaxante. A outra justiça - a dos homens - apesar de "cega" para simbolizar a imparcialidade, acabou se transformando em "cego de visão". Esbarrou sempre, e continuará esbarrando, no poder do cifrão. E quem não tem dinheiro, não tem justiça. Para tê-la, a faz, como o "Cabo Henrique", na mira de um fuzil.

O próprio Floro chamou para si, na sua exímia pontaria, a Justiça. Matou 13 dos 14 matadores de seu pai (?)- o décimo quarto foi assassinado por seu irmão caçula, "Tônho" (Antônio Gomes Novaes), de 18 anos de idade - pois tinha certeza de que, se procurasse os canais competentes - a Justiça - ela lhe faltaria. Um pobre vaqueiro, que teve de vender sua vaca para comprar o primeiro revólver, não possuía recursos para canalizar ás mãos de "especialistas em Justiça", acadêmicos da lei que, durante 4 ou 5 anos, aprendem os melhores tratados do Direito, mas na prática exercitam o contrário: ensinam como ludibriá-la.
[ Fonte: sem fonte e sem datação ]

Quintella: "Um Homem de Palavra" / O homem que prendeu um dos maiores "pistoleiros" de Alagoas era respeitado, no meio policial e no crime, por cumprir o que dizia
Por Lelo Macena ( 03/01/2010 ) / ( Sinopse )

Na época em que não era preciso fazer concurso para ser delegado, nas décadas de 1960 e 70, Rubens Quintella construiu sua fama de "Xerife" destemido. Fundador da Polinter, o braço da Polícia Civil do interior de Alagoas, varou o Sertão em busca de ladrões de gado e deu cabo de muitos foras-da-lei.
Embora tivesse a habilidade do diálogo e dominasse o traquejo político, não hesitava em usar a força bruta. Por isso era respeitado e temido por pistoleiros e bandidos - e muitos desses, segundo lembram testemunhas da época, preferiam deixar Alagoas a cruzar o caminho do "Anjo da Morte". O pesado título seria criação do ex-tenente-coronel Manoel Francisco Cavalcante, para definir Quintella, no final dos anos 1990, no auge das acusações contra a gangue fardada.

Foi Rubens Quintella quem realizou a façanha de prender o temido "pistoleiro" Floro Gomes Novaes, ao qual era atribuído um rosário de crimes, nos anos 1960. Segundo informações colhidas pela reportagem, Floro entrara para a "pistolagem" depois do assassinato do pai. Fez uma lista de 15 pessoas (?) de quem se vingaria. Matou 13. Ninguém jamais ousou pôr a mão em cima dele. Para capturá-lo, Quintella teria usado de sua habilidade de convencimento. Floro se entregaria, mas sob a condição de que seria julgado em Santana do Ipanema/AL. (?) Quintella teria lhe dado a palavra de que assim seria.

Mas as coisas não correriam conforme o combinado. Depois da prisão, ficara decidido que Floro seria julgado em Maceió/AL. Quintella se irritou. Havia dado a sua palavra ao "pistoleiro" e não a cumpriria. O desfecho do caso corre nos bastidores e é confirmado por policiais e figuras da imprensa á época. Rubens Quintella teria então facilitado a fuga de Floro Novaes e cravado definitivamente seu conceito entre a "bandidagem", e na polícia, como um "Homem de Palavra".
[ Fonte: Jornal "Gazeta de Alagoas", 3 de janeiro de 2010 ]

[ Editado por Pedro Jorge ]

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