sábado, 29 de outubro de 2011

Zezito Guedes

                                                                      Zezito Guedes 
 ”Zezito Guedes tem dedicado sua vida na coleta de documentos para resgatar a memória histórica e geográfica de Arapiraca”  - Aermeson Barros (  Ex-Secretário de Cultura de Arapiraca/AL  )
[ Fonte ( frase ): www.arapiraca.al.gov.br ]
 
BIOGRAFIA – 1
 
José Gomes Pereira, o popular Zezito Guedes, nasceu n Município de Juru, interior da Paraíba, em 21 de abril de 1936. É filho de João Pereira Nunes e Antônia Gomes Pereira.
 
Tem Licenciatura Plena em Letras, sendo professor deste curso na FUNESA (Fundação Estadual de Alagoas); é também protético, escultor e folclorista.
 
Entre outras atividades é membro ativo da AAI (Associação Alagoana de Imprensa) e membro da comissão alagoana de Folclore. Ingressou na Academia Arapiraquense de Filosofia, Ciências e Letras (atual ACALA), como sócio-fundador em 1987, com a qualificação de escritor. Ocupa a cadeira de Nº 16, cujo patrono é o Profº Pedro de Franças Reis.
 
Recebeu o 1º prêmio no Salão de Artes Global em Recife/PE, foi destaque também no 1º Salão Nacional de Artes Plásticas no Rio de Janeiro/RJ (1978), foi colaborador do Dicionário dos Folcloristas Brasileiros da Fundação Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais e é também autor de : “Cantigas de Destaladeiras de Fumo de Arapiraca” (Editora da UFAL, 1978), “Arapiraca Através dos Tempos” (1999). Dez micro-monografias publicadas pela Fundação Joaquim Nabuco, “Meizinhas do Povo” (Folheto em Trovas, 1988), “Alvorada no Sertão” (Folheto em Trovas, 1992) e Mapeamento Cultural do Agreste Alagoano (2002).
 
[ Fonte: Livro "ACALA: História e Vida", abril de 2009 ]
 
BIOGRAFIA –  2
Por Pedro Jorge  
 
 José Gomes Pereira, popularmente conhecido como Zezito Guedes, é filho de João Pereira Nunes e Antônia Gomes Pereira. Nasceu , em 21 de Abril de 1936, no Munícipio de Princesa Isabel/PB, atual Juru. Está radicado em
Arapiraca/AL desde 1943.
 
Autodidata, iniciou as suas atividades artísticas como escultor, em 1958. Expôs pela pimeira vez no I Salão de Artes de Arapiraca, onde recebeu Menção Honrosa. Zezito é um dos artistas plásticos mais premiados do Nordeste.
 
Tendo, inclusive, a oportunidade de participar de uma Mostra de Artes na Itália, em 1983, representando Alagoas, como escultor, através de um intercâmbio cultural. Nesta mostra também representaram o nosso Estado os escritores Graciliano Ramos e Jorge de Lima e outros intelectuais e artistas alagoanos.
 
O Mestre Zezito Guedes foi diretor do Departamento de Cultura, em quatro
gestões, e atual coordenador dde Estudos Históricos e Geográficos de Arapiraca, Zezito realizou um fato inédito no Brasil: Transformou, dando apoio e incentivo, 11 artesões (aqueles que somente copiam) em artistas
plásticos (aqueles que criam).
 
Relação dos 11 artesões formados pelo mestre Zezito Guedes:
 * Lucas
* Edvaldo Santos
* Expedito Florentino
* Gilberto Militão (In memoriam)
* Geraldo Dantas
* Raimundo Oliveira
* José Humberto (In memoriam)
* Saturnino João e
* Irmãs Petuba: Zenaide, Zenilda e Zeneide (esculturas e
tapaceiras).
 
Nota: Em sua coleção particular constam obras de vários artesões que ele ajudou a se tornarem escultores.
 
EXPOSIÇÕES ( Zezito Guedes )
 
 01. I Salão de Artes de Arapiraca (Menção Honrosa)
Ano: 1967
Local: Arapiraca/AL.
 
02. I Festival de Verão (1º prêmio)
Ano: 1968
Local: Marechal Deodoro/AL.
 
03. I Exposição Individual
Ano: 1969
Local: Galeria Álvaro Santos – Aracaju/SE.
04. II Exposição Individual
Ano: 1970
Local: Biblioteca Pública Estadual – Maceió/AL.
05. I Salão de Novos Artistas do Nordeste (2º prêmio)
Ano: 1971
Local: Salvador/BA.
06. Salão do Sesquicentenário da Independência (medalha de bronze)
Ano: 1972
Local: Recife/PE.
07. II Festival de Verão (1º prêmio em escultura)
Ano: 1972
Local: Marechal Deodoro/AL.
08. Festival de Inverno (através do SECOSNE)
Ano: 1973
Local: Ouro Preto/MG.
09. I Salão de Arte Global de Pernambuco
(1º Prêmio “Governo de PE”)
Ano: 1974
Local: Recife/PE.
10. III Exposição Individual
(com honrosa apresentação do imortal Ariano Suassuna)*
Ano: 1975
Local: Fundação Joaquim Nabuco – Recife/PE.
11. II Salão de Arte Global de PE
(1º Prêmio “Aleijadinho”)
Ano: 1975
Local: Recife/PE.
12. Congresso da ASTA
Ano: 1975
Local: Rio de Janeiro/RJ.
13. Mostra Coletiva Artistas Alagoanos
Ano: 1976
Local: Teatro do Parque – Recife/PE.
14. Aspectos da Arte Popular
Ano: 1977
Local: INPS – Recife.
15. Coletiva do DCE
Ano: 1978
Local: Reitoria da UFPE – Recife/PE.
16. I Salão Nacional de Artes Plásticas
Ano: 1978
Local: INP/FUNARTE – Rio de Janeiro/RJ.
17. Projeto Arco-Íris
Ano: 1979
Local: Galeria FUNARTE – Rio de Janeiro/RJ.
18. XXXII Salão Oficial de Arte
Ano: 1979
Local: Museu do Estado de Pernambuco – Recife.
19. III Salão Oficial de Arte/UFSE (Medalha de ouro)
Ano: 1980
Local:TV Atalaia – Aracaju/SE.
20. I Feira Nacional de Arte Sacra
Ano: 1980
Local: Salvador/BA.
21. Artes Visuais em Homenagem a Aurélio Buarque de
Holanda
Ano: 1980
Local: Maceió/AL.
22. II Salão Atalaia de Artes Plásticas
Ano: 1978
Local: Rio de Janeiro/RJ.
23. Encontro com a Cultura Alagoana
Ano: 1980
Local: Paço das Artes – São Paulo/SP.
24. I Feira Nacional de Arte Sacra
Ano: 1981
Local: Salvador/BA.
25. VII Salão Nacional de Artes Plásticas
Ano: 1983
Local: Rio de Janeiro/RJ.
26. Alagoas um Estado do Nordeste do Brasil
Ano: 1983
Local: Museu Sant’Egídio – Roma/Itália
Patrocínio: Pinacoteca Universitária da UFAL.
27. Feira do Livro e do Objeto de Arte
Ano: 1987
Local: Praça Deodoro – Maceió/AL.
28. Alagoas Arte Atual
Ano: 1989
Local: Fundação Pierre Chalita.
29. Talentos na Terceira Idade
Ano: 1999
Local: Banco Real – São Paulo/SP.
30. Em nome do Autor / Artistas-Artesões do Brasil
Ano: 2008
Local: São Paulo/SP.
“Com Zezito Guedes, surge, mais uma vez, a confirmação daquilo qe vivo dizendo a respeito do Nordeste e do nosso grande povo: ambos têm reservas maravilhosas de invenção e criação, e de vez e quando como acontece
agora com Zezito, irrompe de todas as deformações que andam fazendo, para aparecer com uma obra pura e forte, como é sem dúvida, a escultura em madeira desse moço, nascido e criado no Sertão paraibano”
Ariano Suassuna*
Nota: *Fragmento do texto de apresentação no catálogo da Mostra Individual da Fundação Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais (1975).
[ Por Pedro Jorge ]
Arapiraca – “Um Celeiro de Artes Plásticas”
Por Zezito Guedes
Uma das manisfetações artísticas que mais tem se destacado, pela sua importância como segmento da Cultura e que merece a maior asistência do poder público em Arapiraca/AL é sem sombra de dúvida, Artes Plásticas que
há anos vem aparecendo nas importantes exposições do Nordeste e que no final de 2001, Galerias de Artes do Rio de Janeiro/RJ fizeram aquisições de esculturas de nossa Cidade.
Despontando em 1967, com a inauguração do I Salão de Artes de Arapiraca, na Semana da Emancipação Política do Município, dessa primeira mostra coletiva, participaram Zezito Guedes, José de Sá, Ismael Pereira, Mauro Jorge, Isabel Torres, Chico Artes, Sebastião (Bibi) e Alexandre Tito expondo suas esculturas, pinturas e desenhos em vários estilos.
Foi uma caminhada espinhosa, participando de sucessivos salões de arte, realizados anualmente, durante mais de uma década. Foi quase uma peregrinação a gradativa evolução das Artes Plásticas em Arapiraca, sem apoio e sem vender obras.
A persistência desses idealistas, a capacidade de luta, participando de exposições fora de Arapiraca, a conquista de prêmios nos grandes salões de artes realizados em Salvador/BA, Aracaju/SE, Recife/PE, São Pauo/SP e Rio de Janeiro/RJ, foi uma verdadeira batalha enfrentada pelos artistas plásticos de Arapiraca para finalmente chegarmos ao ponto atual: a revelação dos verdadeiros talentos em salões competitivos e o reconhecimento da crítica especializada em Arte.
Foi uma grande conquista, não só para a nossa Cidade mas para todo o Estado de Alagoas, pois, Artes Plásticas atualmente é a área mais promissora no Município, por ser mais erudita e ter condições de representar Arapiraca condignamente e projetá-la além fronteiras com o honroso slogan: “Arapiraca, um Celeiro de Artistas”.
[ Colaboração (texto): Zezito Guedes ]
Museu Zezito Guedes
MUSEU ZEZITO GUEDES
 
Durante muitos anos a população de Arapiraca/AL esperava por um local onde suas memórias fossem conservadas, onde a história oficial da cidade fosse exposta ás gerações mais jovens.
 
Em 2010 esse sonho foi realizado pela administração do Prefeito Luciano Barbosa, com a inauguração do Museu Zezito Guedes, localizado na Praça Luiz Pereira Lima, antiga “Praça da Prefeitura”. O espaço leva o nome de um dos mais tradicionais pesquisadores da história local, que teve seu nome eternizado nos trabalhos que fez sobre o Município arapiraquense.
 
O espaço é centro de referência para as diversas escolas particulares e públicas da Cidade. As exposições que ocorrem ali trazem muito da Cultura , do cotidiano e principalmente da característica lutadora do povo agrestino.
 
PRESTIGIEM E DIVULGUEM ESSSE BELO ESPAÇO DE NOSSA CIDADE.
 
[ Fonte: falaarapiraca.blogspot.com ]
 
 
                                                         Zezito Guedes e Zé de Sá
 
SINOPSES
 
Zezito Guedes ( Sinopse-1 )
 
Zezito Guedes nasceu no dia 21 de Abril de 1936, no Sítio Riacho dos Porcos, Município de Juru/PB. Com Licenciatura em Letras pela Universidade Estadual de Alagoas, Zezito Guedes ( cujo nome verdadeiro é José Gomes Pereira ) é professor universitário, escultor, historiador, cordelista, cronista, poeta popular, sócio-fundador da ACALA (Academia Arapiraquense de Ciências e Letras), membro da AAI (Associação Alagoana de Imprensa), protético, coordenador de Estudos Históricos e Geográficos da Secretaria de Cultura de Arapiraca e folclorista.
 
[ Fonte (Sinopse-1): Dicionário de Folcloristas Brasileiros/ www.soutomaior.eti.br ]
 
Zezito Guedes ( Sinopse-2 )
 
Zezito dedicou-se a fundação de um centro de memória e artesanato em uma sala anexa á sua residência, onde passa seus dias escrevendo, lendo e compartilhando com os estudantes locais, com empolgação e vivacidade, suas memórias sobre a Cidade.
 
Zezito, apesar de ter nascido na Paraíba, mudou-se para Alagoas ainda menino, crescendo em meio ao desenvolvimentoo de uma Cidade que lhe acolhera como substituta de sua terra natal com a qual não estabelecera raízes. Assim, mesmo sendo um “forasteiro” em Arapiraca, foi esta Cidade que lhe conferiu uma identidade de pertencimento territorial.
 
[ Fonte ( Sinopse-2 ): www.cchla.ufpb.br ]
 
 
CULTURA
Arraiá de Arapiraca / 2009 –  Zezito Guedes, o Grande Homenageado
 
O grande homenageado este ano do Arraiá de Arapiraca – Tem Festança no Interior é o escultor e historiador José Gomes Pereira, mais conhecido como Zezito Guedes, de 73 anos, que nasceu na Paraíba, mas que habita em Arapiraca desde os seis anos. Portanto, um arapiraquense de coração.
 
Zezito Guedes possui Licenciatura em Letras pela UNEAL (Universidade Estadual de Alagoas), é professor universitário, escultor, historiador, cronista, poeta popular, sócio-fundador da ACALA (Academia Arapiraquense de Ciências e Letras), membro da AAI (Associação Alagoana de
Imprensa), protético e Diretor do Departamento de Cultura do Município de Arapiraca/AL. Estudou no Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho.
 
Por inúmeras vezes foi chamado para apresentar suas esculturas pelo Nordeste e Sudeste, nesse último participou efetivamente os salões de Artes do Rio de Janeiro/RJ.
 
Como folclorista publicou  os seguintes livros: “Cantigas das Destaladeiras de Fumo de Arapiraca”, “A Feira de Arapiraca”, “Sinais de Chuva”, “A Força da Lua”, “Folclore da Seca”, “Padre Cícero no Folclore”, “O Folclore na História”, “Tabira e Suas Manifestações Populares”, “Uma Fábula Nordestina” e ”Religiosidade, Crendices e Misticismo”.
 
[ Fonte: Site - www.alagoas24horas.com.br, 03/06/2009 ]
 
 1ª RETROSPECTIVA DE ESCULTORES DE ARAPIRACA
Escultores de Arapiraca Expõem no Museu Zezito Guedes
Lourdes & Silvestre Rizzatto ( 25/10/2011 )
A 1ª Retrospectiva de Escultores de Arapiraca foi aberta na segunda-feira (23), no Museu Zezito Guedes. Expondo peças em arenito, massa plástica, madeira, ferro e tapeçaria, a iniciativa coordenada pelo Historiador e Folclorista Zezito Guedes, visa apresentar ao público arapiraquense a produção dos artistas da RMA ( Região Metropolitana do Agreste ).
Após abertura oficial do evento o Professor Zezito Guedes foi homenageado pelas Irmãs Petuba com uma placa de “Honra ao Mérito” por seu trabalho de resgate às artes arapiraquenses.
Participam da exposição: Alan Monteiro, Maria de Fátima da Silva, Luiz Fernando ( conhecido como Lucas ), Pedrinho José, Geraldo Dantas, José Saturnino, José Humberto, Aloísio Monteiro de Melo, Silvestre Rizzatto, Zulmira Dantas, Raimundo Batista ( Lagoa da Canoa ), Zenaide Petuba, Zeneide Petuba, Zenilda Petuba, Enaura Petuba e Zezito Guedes, o anfitrião do museu.
Seis peças de esculturas em arenito das Irmãs Petuba expõem a delicadeza feminina com traços suaves que viajam no abstrato surrealista. As três irmãs, junto com a Mãe Enaura Petuba, também expõem três paineis de tapeçaria utilizando a técnica “Panô de Arte Aplicada” retratando o universo nordestino no seu dia a dia e em momentos festivos. Os escultores Lucas e Zezito Guedes também apresentam peças esculpidas em arenito.
Os escultores, Silvestre Rizzatto e Maria de Fátima da Silva expõem peças em aço. Ambos fizeram parte da escola da artista plástica Marta Arruda. O escultor, pintor e artista plástico Alan Monteiro expõe uma obra em massa plástica. O artista que opta pelo estilo livre levou para a exposição uma peça que induz os visitantes a uma releitura entre vida, sofreguidão e morte.
As peças em madeira vão do figurativismo que remetem à ingenuidade artística, brincadeiras infantis e a religiosidade. A exposição ficará aberta ao público no Museu Zezito Guedes, na Praça Luiz Pereira Lima, até o dia 6 de janeiro de 2012, de segunda a sexta-feira das 8 às 12 hs e aos sábados e feriados das 9 às 13 hs.
[ Por Lourdes & Silvestre Rizzatto ]
 
CORDEL
 O cordel aqui reproduzido, de autoria de Zezito Guedes, trata das práticas de cura populares e recolhe formas do povo lidar com várias doenças, entre elas a epilepsia que o poeta considera um “tormento”.
 [ Fonte: www.historiaecultura.pro.br ]
 
“Meizinhas do Povo”
Autor: Zezito Guedes
 
 
Hoje, eu resolvi falar / Nas ervas do meu sertão
Que servem p’ra fazer chá / Ou p’ra fazer infusão
P’ra falar na letra a / Tem a folha de arruda
Quem no ouvido botar / Essa dor logo se muda.
 
Baba- timão é indicado / P’ra quem tem inquietação
Ele é muito procurado / P’ra quem tem inflamação
Também tem erva babosa / Que seu cheiro não agrada
É também muito amargosa / Mesmo assim é procurada.
 
 
Tem o mijo de ovelha / Para banho de mulher
O cheiro não se assemelha / A uma erva qualquer
Tome chá de quina-quina / Que tem muita indicação
E o povo sempre ensina / Para febre ou infecção.
 
 
A raiz de fedegoso / Para impingem ou parasita
Se não é muito gostoso / Mas toma quem necessita
Tem capim federação / P’ra uretra é bem usado
Para essa inflamação / Ele é muito procurado.
 
 
A raiz de ouricurí / Serve também para rins
Se você não acha aqui / Mande buscar nos confins
Pra mulher de veia fraca / Que o doutor chama varizes
Tome a língua de vaca / Mas não as folhas, as raízes.
 
 
Diabete lhe atormenta / Pois o remédio é um só
E você come até pimenta / Tome o chá de mororó
Pra quem tem colesterol / E só come mais verdura
Cebola roxa é o melhor / Para queimar a gordura.
 
 
E a flor de mussambê / Que muita gente conhece
É muito bom de beber / A tosse desaparece
Vassourinha de botão / É erva de todo quintal
E aqui no meu sertão / Se toma p’ra qualquer mal.

Quixabeira é planta nossa / Serve pra muita meizinha
A raiz ou a casca grossa / E tem também a frutinha
O angico é bem conhecido / Remédio aqui do sertão
Quem tem o braço partido / Faz da casca encenação.
P’ra sair bem o sarampo / Faça chá de flor de tôco
Mas não é erva do campo / Isso é remédio de louco
Cortar leite após o Parto / P’ra mulher é um colôsso
Um rosário de carrapato / Pendurado no pescoço.
Hemorragia em mulher / Não faça chá de malissa
Nem de outra erva qualquer / Chá de couro de preguiça
A caatingueira rasteira / É o remédio de homem fraco
Basta tomar uma asneira / Que não enjeita buraco.
Folha de samba coité / Para quem tem ferimento
Ou então machucou a pé / Logo acaba o sofrimento
Mas acredite que exista / Uma erva muito cara
É indicada p’ra vista / Jaborandí esta é rara.
Se o dito corta um pé / E não tem o que botar
Encha de pó de café / Para sangria parar
Lambedor de Jatobá / P’ra quem tem constipação
Pode até experimentar / Que vê logo a reação.
Se faz também de juá / Um outro bom lambedor
Só é mais ruim de tomar / Porque tem um amargor
A raiz de urtiga branca / Para quem tem alergias
Doença na pele estanca / Serve também para as vias.
Para gripe ou resfriado / Faça o chá de alecrim
Mas não vá ficar zangado / Se o remédio for ruim
Quem sofrer de coração / Tome o chá de capim santo
Que é uma erva de ação / E se chama em todo canto.
Cachumba chama o doutor / A doença de papeira
Lama de pote botou / Acabou-se a brincadeira
Tem também a pucumã / Que se usa em ferimento
Não deixe para amanhã / Hoje acaba o sofrimento.
A fruta de gravatá / Para verme de criança
Tanto é fácil de tomar / Como é de confiança
P’ra cortar hemorragia / Tem na bananeira leite
Corte e apare na bacia / Para o doente receite.
Para curar a macacoa / Faça o chá de jericó
Essa erva é muito boa / Você toma uma vez só
Também tem a garrafada / De vinte e cinco sementes
Deve ser bem preparada / Por duas mãos competentes.
Use a cabeça de nêgo / Mas cuidado com a manobra
O Tejo faz seu emprego / Quando lhe morde uma cobra
Se você sofre do rim / E a sua urina embola
Causa até, um farnezim / Tome um chá de carambola.
Tem o olho de arueira / Que o sangue purifica
Não tem o gosto nem cheiro / E a saúde modifica
Ainda tem manacá / Que é uma planta da serra
Ela serve p’ra curar / Muitas doenças na terra.
A folha de carrapateira / Veja bem e não esqueça
Ainda é boa maneira / De curar dor de cabeça
É milindre ou alfinete / Isso aí não é questão
Sua folha é um filete / Muito usado p’ra tensão.
Não existe melhor cura / P’ra doenças de garganta
É bunda de tanajura / E injeção não adianta
Tome leite com mastrús / Para catarro no peito
Não precisa usar capús / P’ra você sair do leito.
Lambedor de jurubeba / Pra fraqueza de pulmão
O seu corpo não tem quebra / E limpa a respiração
Linda flor é a gitirana / Nasce na beira da estrada
Fazer compressa é bacana / Quem levou uma pancada.
A parreira é procurada / P’ra quem sofre empachação
Mas também ela é usada / Pra fazer purgação
Pra coração tem colônia / Que é a folha preferida
P’ra quem sofre de insônia / Ou tem paixão recolhida.
Quem não puder respirar / Aí tem chá de trombeta
E quem tem falta de ar / Pode até tocar cometa
Para o vento que passou / E ofendeu a criancinha
Nem leve para o doutor / Queime logo a camisinha.
Mangericão é cheiroso / E serve p’ra rezadeira
A velha lhe acha ditoso / O melhor pra curandeira
Não falei da papaconha / Que é uma raiz vulgar
Se usa até p’ra quem sonha / Pois é muito popular.
E ainda tem pega pinto / Que serve p’ra fazer chá
Se sentir o que eu sinto / Pode fazer e tomar
A erva de passarinho / Que chamam de parasita
Das folhas faça um chazinho / Que o sangue não se agita.
Quem sofre epilepsia / P’ra minha família é tormento
Mas p’ra quem não conhecia / Chá de osso de jumento
Para quem sofre de ameba / E não sabe quem lhe acuda
Não lhe serve jurubeba / Hortelã folha miúda.
Essas trovas eu já fiz / Falando em toda meizinha
Erva, semente, raiz / Era somente o que tinha.
 
[ Fonte: www.candeeiroaceso.org.br ]
 
 [ Editado por Pedro Jorge ]

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